Em 1945, o Brasil saia do longo
período da ditadura do Novo Estado. Uma constituição começou a vigorar em 1946
dando ao país um ar de maior liberdade. No entanto, as estruturas
administrativas em todos os níveis ainda estavam pelas práticas ditatoriais. O
Brasil era governado por um novo presidente, Eurico Gaspar Dutra, um
conservador declarado. Santa Catarina tinha Udo Decker no governo, enquanto em
Criciúma, a qual pertencia Içara, o prefeito era Addo Caldas Faraco.
Em 1946, Içara era um Distrito
ainda pequeno, mas com perspectivas boas de crescimento.
Chegaram na região os primeiros
imigrantes portugueses, especificamente os açorianos. Posteriormente, chegam ao
sul os italianos, poloneses e alemães.
Começa a história de uma pequena
escola destinada a alfabetizar. A escola cresceu não em tamanho, mas em número
de alunos. Chegou o tempo em que a escolinha funcionava com três turmas em duas
casas de madeira: uma nas proximidades da atual farmácia Calegari e a outra na esquina
onde hoje está localizado o Despachante Jerry.
Chega a notícia da vinda ao sul
do estado, do governador Udo Decker, com passagem obrigatória por Içara, via
estrada de ferro.
Éramos privilegiados. A vila era
cortada, como ainda é hoje, pela Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina.
Os moradores prepararam uma
espécie de manifestação em frente à antiga estação ferroviária. O trem chega trazendo O excelentíssimo senhor
Udo Decker, Governador do Estado.
Um dos discursos é proferido
pela primeira normalista da vila, senhora Ida Rizzieri de Lucca, que em nome da
população saúda o governo e pede a criação de um grupo escolar.
O pedido foi atendido, pois em
14 de novembro de 1946, é assinado o documento que cria o Grupo Escolar Antônio
João de Vila de Içara. Faz-se então necessário a construção do prédio.
Enquanto isso na capital
federal, Rio de Janeiro, o Deputado Federal, excelentíssimo senhor Joaquim
Ramos – amigo pessoal de algumas pessoas da comunidade, consegue verba
complementar suficiente para edificação destinada a moradia de diretores, acoplada
ao restante da obra. Por isso, este prédio é diferente dos demais construídos
na época (modelo padrão para todos os grupos escolares do Estado). Era preciso
também atender a condição de que fosse liberado um terreno estruturado. Foi então
que alguns interessados, entre eles o senhor Jorge De Luca e Procópio Lima,
munidos de papel e caneta, passaram a visitar os moradores da localidade e
solicitar colaboração para a compra do terreno. Todos contribuíram. O terreno
foi comprado do senhor Antônio Nichele, residente em Urussanga.
Um telegrama datado de 15 de
março de 1950, expedido pelo então prefeito de Criciúma Addo Caldas Faraco ao
Intendente Distrital de Içara, o senhor José Cardoso (Juca), confirmou a ordem
de serviço da construção do Grupo Escolar Antônio João.
O prédio foi construído, e em
1952 chegava a nova diretora do Grupo Escolar, nomeada por concurso, a senhora
Gerda Becke Machado, que encontrou o Grupo ainda funcionando com duas precárias
salas de madeira e cercadas de matagal. No
outro lado a construção destinada ao funcionamento do Grupo Escolar já estava
pronto. Quanto a móveis, nada.
A diretora encaminhou então à
Secretaria de Educação correspondência dando ciência da situação, documentada
com fotografias, solicitando mobiliário adequado e autorização para ocupar o
novo prédio.
Em Florianópolis as autoridades
receberam e analisaram a correspondência, onde já se encontravam carregados
alguns caminhões com móveis para outro grupo escolar do Oeste catarinense, que
na ocasião estava sendo castigado por chuvas intensas e estradas em péssimo
estado. No sul não havia problemas com as estradas e o mobiliário mudou de
destino.
Os móveis chegaram e um carpinteiro foi contratado para montar a
mobília. Toda a madeira das antigas salas foi vendida e retirada do local para
pagar o carpinteiro e outros serviços necessários para a instalação da escola.